sexta-feira, 18 de março de 2011

Preto fosco, chegou para ficar?




Moda no exterior, carro preto fosco chega às ruas brasileiras
A partir de R$ 900, motorista pode mudar a pintura do carro com tinta ou fita adesiva que fazem sucesso nos EUA e na Europa


No Brasil, algumas empresas se especializaram em aplicar o adesivo preto fosco em carros. Em geral, elas já trabalhavam com envelopamento de frotas (técnica que cobre os veículos com adesivos) e passaram a incluir a nova cor em seus serviços. O Grupo Surya é uma delas. Especializada em comunicação visual, no fim do ano passado começou a receber ligações de clientes que tinham acabado de voltar de viagens ao exterior e queriam mais informações sobre a nova moda. “Resolvi investigar o mercado e percebi que existia uma boa oportunidade”, afirma Paulo Bento, fundador e sócio do Grupo Surya. Para atender a demanda, ele criou em março a Preto Fosco, empresa do grupo que faz a aplicação dos adesivos em cerca de 20 carros por mês. Hoje, a Preto Fosco já responde por 10% do faturamento mensal de R$ 250 mil do Grupo Surya.




Aplicar o preto fosco é um trabalho artesanal. Importado da Bélgica, o adesivo é colado na lataria e moldado com a ajuda de um soprador térmico, espécie de secador de cabelo cuja temperatura pode chegar a 630º Celsius, e uma espátula. A dificuldade está em cobrir quinas e curvas do veículo, em especial no parachoque. “Se a instalação for mal feita o adesivo pode se soltar em pouco tempo”, diz Bento. Entre os motoristas que procuram o Grupo Surya, a maior parte quer deixar o carro preto fosco por causa da estética - alguns dizem que ela lembra a cor do Batmóvel, veículo usado pelo superherói Batman. Mas o adesivo também ajuda a preservar a pintura original. Esse foi um dos argumentos usados por Claudia para convencer o marido a desembolsar R$ 2,1 mil pelo serviço. “Faço rally e tinha acabado de tirar o carro da concessionária”, diz a artista plástica. “Preferi colocar o adesivo agora a ter de pintá-lo mais tarde por causa dos arranhões causados nas corridas”.


Antes de aplicar o adesivo na lataria do automóvel, é preciso desmontar algumas peças, como as maçanetas, frisos e o parachoque, e deixar o carro bem limpo

A nova cor exige atenção especial dos motoristas e os cuidados começam antes mesmo da aplicação. Se a lataria estiver amassada ou com problemas na pintura original, os defeitos serão realçados. Uma vez instalado, o adesivo preto fosco requer outro tipo de cuidado. Na hora de lavar o carro é bom evitar máquinas de alta pressão, que podem ajudar a descolá-lo. Também é recomendado não deixar o carro no sol e o uso de substâncias agressivas, como solventes, que podem desbotar a cor. “O ideal é lavar o carro com água e sabão neutro”, diz Miguel Lima, especialista em marketing da divisão de comunicação visual da 3M do Brasil, que produz um dos adesivos usados na aplicação. Se o motorista não gostar do resultado e quiser retirar o adesivo também é recomendado que procure ajuda de especialistas. "Se for puxado de mau jeito, ele pode até arrancar a tinta do carro", diz Lima.

A princípio, qualquer carro pode ganhar um aspecto preto fosco. A diferença está no tempo e no preço do serviço. Em carros de pequeno porte, como um Celta, da GM, três instaladores demoram um dia para realizar o serviço, que sai por R$ 900. Em automóveis grandes, como a picape L200, da Mitsubishi, a instalação é feita no dobro do tempo e custa R$ 2,2 mil. A diferença deve-se à quantidade de adesivo usado para cobrir o carro. "Já fizemos todo tipo de carro, de uma Porsche Cayenne até uma picape Montana, vindos de várias partes do Brasil", diz Bento, do Grupo Surya. Outro detalhe está no acabamento. Se a cor original do automóvel não for preta, o adesivo será aplicado de forma a esconder toda a lataria. Se for preto, ele ganha uma espécie de moldura (veja passo a passo da instalação na galeria acima).


O utilitário Cayenne, da Porsche, ganhou adesivo preto fosco que virou moda nos Estados Unidos e na Europa e que acaba de chegar ao Brasil
Não se sabe ao certo a origem da moda do preto fosco. Blogs americanos especializados na indústria automotiva especulam que ela teria surgido com a cultura do tuning, que consiste na customização de carros. Nos últimos anos, a cor ganhou destaque depois de ser aplicada em modelos de luxo, como Ferrari e Lamborghini. Celebridades, como o jogador de futebol inglês David Beckham e a atriz americana Lindsay Lohan, gostaram tanto da novidade que compraram modelos com essa cor. Ao mesmo tempo, montadoras como a Mazda e a Renault lançaram modelos que saíam de fábrica já pintados de preto fosco. No Brasil, nenhuma fabricante oferece essa opção. Mas a novidade chamou a atenção da concessionária Brabus, que vende carros Mitsubishi em São Paulo. Por meio de uma parceria com o Grupo Surya ela vai oferecer a aplicação do adesivo como um acessório.

Cuidado com a multa

Quem não quiser aplicar o adesivo no carro pode optar por outra técnica para deixar o carro preto fosco: a pintura. A técnica tem vantagens e desvantagens. Ela demora apenas uma hora para ser aplicada, tem durabilidade maior e o motorista não precisa tomar cuidados ao lavar o carro. Por outro lado, é bem mais cara (custa até três vezes mais do que o adesivo) e não pode ser simplesmente retirada caso o motorista não goste do resultado. “É por isso que o pessoal prefere usar adesivos”, diz Kleidson dos Santos, colorista da Speed Clean Tech, que faz esse tipo de pintura. “Se fizer com tinta e não gostar tem de pintar o carro de novo”. Para fazer a pintura, a Speed Clean Tech usa uma mistura especial de tinta e, desde meados de 2009, já pintou 15 automóveis.



De acordo com a legislação brasileira de trânsito, os motoristas podem alterar a cor de seus automóveis. Caso a mudança seja superior a 50% da cor original, é preciso fazer alterações nos documentos. É o que acontece com a moda do preto fosco. Um exemplo: se o dono de um modelo prata aplica o preto fosco em seu automóvel ele precisa informar o departamento de trânsito da sua cidade. O procedimento para mudar o documento custa R$ 280 em São Paulo e leva algo em torno de cinco dias para ficar pronto. De acordo com o Departamento de Trânsito da capital paulista, quem não fizer essa mudança corre o risco de receber uma multa de R$ 182,26, cinco pontos na carteira nacional de habilitação e ter o carro apreendido. Além da dor de cabeça e do prejuízo, o motorista desligado vai ficar alguns dias sem rodar com o carro que é considrado o último grito da moda no exterior.


fonte: icarros

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